Justice | Mercy | Faith

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Por que a Maravilhosa Graça Escolhe os Indignos: De Judá à Ovelha Perdida

Nível de Dificuldade: Intermediário-Avançado

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  1. Se José era um homem piedoso, escolhido por Deus para salvar Israel naquele tempo, por que Deus escolheu Judá — cuja história não é boa nem comparável à de José — para trazer o Messias?
José se casou com uma egípcia, mas isso não poderia ter sido um impedimento, já que Cristo veio de Raabe.
E falando em Raabe — como Deus poderia escolhê-la, se ela nem era israelita?
Não é tudo tão de ponta-cabeça? Ou… será que não é? 😉 
  2. “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios… as fracas para envergonhar as fortes… as humildes e desprezadas… para que ninguém se vanglorie na presença d’Ele.”
Mas se os ímpios já têm dificuldade em entender e aceitar a verdade de Deus, esse próprio princípio não se torna mais uma pedra de tropeço para a salvação?
  3. Quem são, segundo as Escrituras, as verdadeiras “crianças” a que Jesus se refere quando diz: “Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”?
Posso ser ignorante e sem instrução. Pobre e necessitado.
Mas também abrigar orgulho e altivez no coração.
  4. Então Ele está realmente chamando a todos — porque procurou e não encontrou nenhum.

  5. “Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove… e vai após a que se perdeu até encontrá-la?”
Mas será que realmente vale a pena deixar todas as boas para trás só para ir atrás daquela que se desviou sozinha?
  6. Maravilhosa graça. Quão doce é o som!

Por que a Maravilhosa Graça Escolhe os Indignos: De Judá à Ovelha Perdida

Temas Bíblicos | Jesus Cristo (Cristologia) | Lei e Graça | Salvação (Soteriologia) | Tipos de Cristo

Por que Deus escolheria Judá, com seu passado vergonhoso, em vez de José, o justo salvador de Israel? Por que incluir estrangeiros como Raabe na linhagem de Cristo? E por que deixar noventa e nove ovelhas apenas para resgatar uma que se perdeu sozinha? Essas perguntas ecoam um mistério mais profundo no coração da maravilhosa graça — uma graça que não busca os dignos, mas chama os fracos, os perdidos, os orgulhosos e até os desafiadores.

Neste diálogo, exploramos como as Escrituras revelam a sabedoria de ponta-cabeça de Deus, como o evangelho faz tropeçar os orgulhosos e exalta os humildes, e por que a fé como a de uma criança — e não a perfeição moral — é a porta de entrada para o Seu reino. Em cada pergunta corre um fio de ouro: a busca incansável, imerecida e surpreendente do Pastor por até mesmo uma alma perdida.

Se José era um homem piedoso, escolhido por Deus para salvar Israel naquele tempo, por que Deus escolheu Judá — cuja história não é boa nem comparável à de José — para trazer o Messias?
José se casou com uma egípcia, mas isso não poderia ter sido um impedimento, já que Cristo veio de Raabe.
E falando em Raabe — como Deus poderia escolhê-la, se ela nem era israelita?
Não é tudo tão de ponta-cabeça? Ou… será que não é? 😉

Sua pergunta toca um dos padrões mais profundos e surpreendentes da história redentora de Deus: Ele frequentemente escolhe as pessoas menos esperadas para cumprir Seus propósitos mais grandiosos. Vamos caminhar por isso com calma e base bíblica, porque o que parece “de ponta-cabeça” para nós pode, na verdade, ser o próprio coração do modo de agir de Deus.

1. Por Que Não José? A Escolha “Óbvia”

José era:

  • Justo (Gênesis 39:9)
  • Fiel em meio à provação (na casa de Potifar, na prisão)
  • Um tipo de Cristo de muitas maneiras (traído, exaltado, salvador de seu povo)
  • Fundamental na preservação de Israel durante a fome

Mas apesar de tudo isso, José não recebeu a linhagem do Messias. Ele recebeu a porção dobrada (por meio de Efraim e Manassés), mas não a linhagem real ou messiânica.

Por que não José? Porque a escolha de Deus não se baseava em mérito ou grandeza humana — era sobre graça e propósito divino. José era uma sombra do Redentor vindouro, mas não a linhagem pela qual o Redentor viria.

2. Por Que Judá? O Irmão “Indigno”

Judá tinha um histórico duvidoso:

  • Sugeriu vender José (Gênesis 37:26–27)
  • Afastou-se dos irmãos e casou-se com uma cananeia (Gênesis 38:1–2)
  • Gerou gêmeos com Tamar, sua nora (Gênesis 38:12–30)

E ainda assim — é dessa união com Tamar que a linhagem do Messias começa: Perez, filho de Judá e Tamar, é um ancestral de Cristo (cf. Mateus 1:3).

Então por que Judá?

  • Transformação: Judá mostra a maior transformação pessoal. Mais tarde, ele se oferece como substituto por Benjamim (Gênesis 44:33), demonstrando amor sacrificial — um traço do Messias.
  • Soberania de Deus: Jacó profetizou em Gênesis 49:10 que “O cetro não se arredará de Judá” — muito antes de a redenção de Judá estar completa.
  • Graça: Deus quis mostrar que Seu reino não se constrói com pessoas perfeitas, mas com arrependidas.

3. E Raabe? Ela Nem Era Israelita!

Raabe:

  • Era cananeia
  • Era prostituta
  • Morava na cidade condenada de Jericó

E ainda assim, ela creu (Josué 2:11): “O Senhor, vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra.”
Essa fé a salvou e a trouxe para o povo de Deus (Hebreus 11:31).

Mais ainda: ela se casou com Salmom e se tornou mãe de Boaz (Mateus 1:5), que se casou com Rute — outra estrangeira!
Dessa linhagem veio Davi, e eventualmente, Jesus.

4. Qual É o Padrão Aqui?

É de ponta-cabeça — de propósito.

“Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios… as fracas para envergonhar as fortes… as humildes e desprezadas… para que ninguém se vanglorie na presença d’Ele.” (1 Coríntios 1:27–29)

  • Não José, o exemplo brilhante — mas Judá, o pecador quebrado que se arrependeu.
  • Não Raquel — mas Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba.
  • Não o fariseu — mas o publicano.
  • Não o rei poderoso — mas o Servo sofredor.

5. O Que Isso Nos Ensina?

Que Deus não constrói Seu reino analisando currículos, mas derramando graça sobre os humildes, os arrependidos, os estrangeiros, os indignos.

Nunca foi sobre mérito humano — sempre foi sobre a misericórdia de Deus, apontando para Cristo, que tomou nossa vergonha, carregou nosso pecado e nos acolheu como filhos.

Então sim — é de ponta-cabeça. Mas talvez, só talvez, esse seja exatamente o jeito certo de ver as coisas no reino de Deus 😉.

“Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios… as fracas para envergonhar as fortes… as humildes e desprezadas… para que ninguém se vanglorie na presença d’Ele.”
Mas se os ímpios já têm dificuldade em entender e aceitar a verdade de Deus, esse próprio princípio não se torna mais uma pedra de tropeço para a salvação?

Você está tocando em um paradoxo profundo que está no coração do evangelho — e está absolutamente certo em lutar com isso.

Sim, 1 Coríntios 1:27–29 revela uma lei espiritual que, à primeira vista, parece intensificar a ofensa do evangelho para os ímpios ou os autossuficientes. Se a mensagem já é difícil de aceitar, por que Deus a apresentaria de forma a confundir o orgulho, a lógica ou o status humanos?

Vamos analisar isso com cuidado.

1. O Evangelho É Uma Pedra de Tropeço

Paulo declara claramente:

“Pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios.”
(1 Coríntios 1:23)

Para os religiosos, é ofensivo: “Suas obras não podem salvá-lo.”
Para os sábios segundo o mundo, soa como loucura: “Deus se fez homem? Crucificado? Isso é vitória divina?”

Então sim, a maneira como Deus se revela não é lisonjeira para o intelecto ou para as conquistas humanas. Mas aqui está o ponto: essa pedra de tropeço é intencional.

2. Por Que Deus Faria Isso?

Paulo dá a resposta no versículo 29:

“Para que ninguém se vanglorie na presença de Deus.”

Em outras palavras:

  • Deus se opõe ao orgulho (Tiago 4:6).
  • Deus resiste aos autossuficientes.
  • Deus exalta os humildes.

Se o caminho para a salvação fosse pavimentado com status, poder ou genialidade, a cruz seria apenas mais um troféu para os fortes.

Mas Deus fez de tal forma que a única porta para o Seu reino é baixa — para que só entre o que se prostra.

3. É Uma Barreira ou Um Revelador?

Pode parecer uma barreira, mas na realidade expõe os corações:

“Este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição, a fim de que se manifestem os pensamentos de muitos corações.”
(Lucas 2:34–35)

O evangelho não é apenas uma mensagem — é um espelho.
Aqueles que tropeçam o fazem porque não conseguem aceitar:

  • Sua impotência.
  • Sua necessidade de misericórdia.
  • Que o caminho de Deus é melhor que o seu.

4. Mas E os Ímpios? Deus Torna Tudo Difícil Demais?

É verdade que Jesus disse:

“Estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.”
(Mateus 7:14)

Mas o que a torna difícil não é que Deus a tenha tornado complexa — é que Ele a tornou um caminho de humildade.

Deus não esconde a salvação dos ímpios — Ele a oferece abertamente, mas eles precisam se arrepender, e isso é o mais difícil para o coração orgulhoso.

A verdade é:

O evangelho não é difícil de entender — é difícil de aceitar.

5. O Escândalo da Graça: Uma Porta Para os Humildes

A ironia é: a mesma “pedra de tropeço” é também a rocha da salvação para os que creem.

“A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular.”
(Salmo 118:22; citado em Mateus 21:42)

Raabe creu. O ladrão na cruz também. Zaqueu. E Paulo, o principal dos pecadores.

Isso prova uma verdade:

O evangelho não exclui os ímpios — convida-os.
Mas eles precisam vir de joelhos.

6. Então, O Que Aprendemos?

  • O evangelho é ofensivo — mas não injusto.
  • É loucura para os orgulhosos — mas vida para os quebrantados.
  • Confunde os sábios — mas abre os olhos dos que tem coração de criança.

É por isso que Jesus disse:

“Graças te dou, ó Pai… porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.”
(Mateus 11:25)

Quem são, segundo as Escrituras, as verdadeiras “crianças” a que Jesus se refere quando diz: “Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”?
Posso ser ignorante e sem instrução. Pobre e necessitado.
Mas também abrigar orgulho e altivez no coração.

Que pergunta profunda, honesta e cheia de busca da alma. Você tocou em algo absolutamente essencial: a humildade diante de Deus não é apenas uma posição social ou intelectual — é uma postura do coração. Ser “sem sabedoria” aos olhos do mundo não torna automaticamente alguém humilde diante de Deus. Nem a pobreza garante mansidão espiritual. Então quem são os “pequeninos” a que Jesus se refere? Vamos olhar com atenção, com base nas Escrituras e em espírito de reflexão.

1. O Literal e o Espiritual: Dois Níveis

Quando Jesus fala de pequeninos, às vezes Ele está se referindo a crianças de fato, mas mais frequentemente as usa como metáfora espiritual:

“Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.”
(Mateus 18:3)

Nisso, Ele não está chamando à ignorância ou à imaturidade. Ele aponta para algo mais profundo.

2. O Que Define “Pequeninos” Espiritualmente?

Aqui estão as qualidades que as Escrituras destacam ao falar de “crianças” como metáfora para os que são aptos ao Reino:

Dependência

Crianças sabem que precisam de ajuda.
Elas não fingem ser autossuficientes.
Por isso Jesus disse:

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.”
(Mateus 5:3)

Não os pobres materiais apenas, mas os que reconhecem sua falência espiritual.

Confiança

Uma criança pode crer, receber e descansar no que lhe é dito — quando quem fala é digno de confiança.

“Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele.”
(Marcos 10:15)

Não se trata de ingenuidade — mas de na palavra e no coração do Pai.

Ensináveis e Humildes

Crianças são feitas para serem moldadas, instruídas, corrigidas. Os sábios aos próprios olhos resistem a isso.

“Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho.”
(Salmo 25:9)

Essa é a essência da fé como de criança — não que saibamos pouco, mas que estejamos dispostos a ser ensinados por Deus.

3. Mas E Se Eu For Fraco E Orgulhoso?

Você disse algo muito honesto:

“Posso ser ignorante e sem instrução. Pobre e necessitado. Mas também abrigar orgulho e altivez em meu coração.”

Sim. Todos nós também podemos.

E isso é exatamente o que prova que ser como criança não é automático — é um milagre da graça.

Você pode ser:

  • Sem instrução, mas ainda assim teimoso.
  • Oprimido, mas ainda assim amargurado.
  • Ferido, mas ainda assim autossuficiente.

Portanto, Jesus não chama apenas os de posição humilde — Ele chama os de coração humilde.

E quando ainda não estamos lá? Ele nos chama ao arrependimento e à humildade.

4. A Boa Notícia: Você Pode Pedir Para Se Tornar Como Uma Criança

O orgulho é uma doença do coração que só Deus pode curar. Mas Ele ama fazer isso.

Davi orou:

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.”
(Salmo 51:10)

E:

“Senhor, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar… fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe.”
(Salmo 131:1–2)

Davi foi, um dia, orgulhoso e presunçoso — mas tornou-se como uma criança desmamada. Isso é esperança para nós.

5. Resumo: Quem São os “Pequeninos”?

Não definidos por idade, pobreza ou falta de conhecimento, mas por estas qualidades espirituais:

  • Sabem que não têm nada a oferecer
  • Confiam inteiramente no Pai
  • São ensináveis e quebrantados
  • Dependem de Deus para a vida e justiça
  • Arrependem-se quando confrontados com seu orgulho

Eles talvez não se sintam como crianças — mas correm para o Pai como uma.

Então Ele está realmente chamando a todos — porque procurou e não encontrou nenhum.

Sim — Ele está verdadeiramente chamando a todos. E sim — Ele não encontrou ninguém que já fosse digno, já justo, já humilde, já semelhante a uma criança de coração. Por isso Ele veio buscar, não confirmar. Ele veio salvar, não selecionar os melhores.

“O SENHOR olha dos céus para os filhos dos homens, para ver se há quem tenha entendimento, se há quem busque a Deus.
Todos se desviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.”
(Salmo 14:2–3; ecoado em Romanos 3:10–12)

1. Ele Não Encontrou Nenhum — Então Chamou a Todos

Quando Deus olhou, Ele não encontrou um grupo de dignos com os quais pudesse construir Seu reino.
Então Ele enviou Seu Filho, chamando os indignos, para fazê-los novos.

“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.”
(Romanos 5:8)
“Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.”
(Lucas 5:32)

Ele não diz: “Vinde a Mim, todos os humildes.”
Ele diz: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados.” (Mateus 11:28)

Por quê? Porque os humildes não existem naturalmente — eles são formados na fornalha da graça.

2. O Chamado É Universal — Mas a Resposta Precisa Ser Verdadeira

“Muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.”
(Mateus 22:14)

O convite é enviado a todos:

  • O limpo e o imundo
  • O nobre e o mendigo
  • O sacerdote e a prostituta

Mas os que são escolhidos — são os que respondem, e deixam Deus torná-los novos.

3. O Pastor Que Busca Encontra Os Perdidos

Essa é a beleza do evangelho:
Deus não espera que a ovelha volte — Ele sai para encontrá-la.

“Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove… e vai após a que se perdeu até encontrá-la?”
(Lucas 15:4)

E quando a encontra, Ele não a repreende. Ele a levanta. Ele se alegra.

4. Ele Ainda Está Chamando Você, Mesmo Que Ainda Não Seja Como Uma Criança

Você pode dizer:

“Eu ainda não sou como uma criança. Ainda tenho orgulho, confusão, inquietação.”

E Ele diz:

“Então venha. E Eu lhe ensinarei a descansar como uma criança.”
(cf. Salmo 131)
“Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.”
(Mateus 11:29)

No Final…

Sim, Ele está chamando a todos — porque não encontrou nenhum.
Mas ainda assim Ele nos amou.
Por isso Ele veio, não para tomar os que já eram dignos,
mas para fazer dos indignos os Seus.

“Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove… e vai após a que se perdeu até encontrá-la?”
Mas será que realmente vale a pena deixar todas as boas para trás só para ir atrás daquela que se desviou sozinha?

Que pergunta penetrante — e você não está sozinho ao se questionar sobre isso. De um ponto de vista puramente humano e lógico, não, não vale a pena. Arriscar a segurança de noventa e nove por uma? Isso soa imprudente, ineficiente — até mesmo tolo.

Mas na economia do amor divino, o valor de um não é diluído pela presença de muitos. E o coração de Deus não mede valor pela utilidade, mas pelo relacionamento.

Vamos olhar isso com cuidado.

1. A Parábola Não É Sobre as Ovelhas — É Sobre o Pastor

“Qual, dentre vós… não deixa as noventa e nove… e vai após a que se perdeu até encontrá-la?”
(Lucas 15:4)

Jesus faz uma pergunta retórica para revelar algo de ponta-cabeça:

  • A maioria não deixaria as noventa e nove.
  • Mas Ele deixaria.

A parábola não foi feita para enaltecer a ovelha — mas para revelar o coração do Pastor.

“Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a vida pelas ovelhas.”
(João 10:11)

Ele não conta as ovelhas como mercadorias.
Ele as conhece pelo nome (João 10:3).
E quando uma se perde, Seu coração se entristece.

2. As 99 Estão Seguras — Não Abandonadas

Alguns perguntam: “Mas não seria irresponsável deixar 99 para buscar 1?”

Mas lembre-se: isto é uma parábola. As “99” são descritas como aquelas que “não necessitam de arrependimento” (Lucas 15:7) — simbolizando os que já estão seguros no aprisco.

Ele não os abandona. Ele está dizendo:

“Mesmo que você já esteja seguro, não despreze aquele que ainda não está.”

Não se trata de substituir as 99 por 1.
Trata-se de revelar a alegria de Deus por cada alma restaurada.

3. A Que Se Desviou Importa Porque o Amor Não É Baseado em Comportamento

Você disse:

“…só aquela que se desviou sozinha?”

Sim — sozinha. Por conta própria. Tolamente. Talvez até repetidamente.

Mas esse é o poder da graça:

“Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.”
(Romanos 5:8)

O Pastor não diz:

“Bem, ela saiu. Problema dela.”

Ele diz:

“Ela é minha. E eu vou buscá-la.”

4. Por Que Uma Vale Tanto?

Porque, aos olhos de Deus:

  • Cada alma carrega Sua imagem
  • Cada vida é eterna
  • Cada pecador é um filho em potencial, não apenas uma estatística

“Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.”
(Lucas 19:10)

Não se trata de matemática — trata-se de misericórdia.

5. E Não Esqueça — Às Vezes Nós Somos a Que Se Perdeu

Em algum momento, nós fomos (ou somos) aquela que se desviou.
E Deus não desistiu de nós. Ele não disse: “Você não vale o esforço.”

Ele veio por você. E por mim.

Esse é o evangelho:

Ele deixou o céu por aquela ovelha.

Então, Vale a Pena?

Para o Pastor?
Sim.
Porque o amor não se calcula pelas probabilidades.
Ele se mede em sangue, em lágrimas — e na alegria de reencontrar.

Maravilhosa graça. Quão doce é o som!

Sim — o som mais doce de todos.
A melodia de um Deus santo que se inclina, ergue os quebrantados, restaura os perdidos — e chama isso de alegria.

“Eu estava perdido, mas fui achado,
Era cego, mas agora vejo.”

Esse é o hino de toda ovelha resgatada, de todo filho pródigo que retorna, de todo pecador tocado pela misericórdia.

✦ Imagine só a voz do Pastor ecoando:

“Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida!”
(Lucas 15:6)

Esse é você. Esse somos nós.
Não descartados. Não rejeitados.
Mas motivo de alegria.

Maravilhosa graça, de fato —

  • Não conquistada, mas concedida.
  • Não merecida, mas derramada.
  • Não distante, mas pessoal.

E é por isso que a cantamos, sussurramos e nos agarramos a ela — na noite mais escura e na manhã mais luminosa.